Jogadora de Futebol Americano faz pesquisa sobre o esporte em Mato Grosso

Até hoje, muitas pessoas ainda perguntam como um esporte tão diferente como o Futebol Americano virou um verdadeiro sucesso em Mato Grosso. De um grupo de amigos, que jogava por distração, até o bicampeonato Brasileiro e a disseminação da modalidade por todo Estado, o caminho foi longo e cheio de grandes histórias. Parte delas serão descritas na pesquisa “A esportivização do futebol americano em Mato Grosso”, coordenada pela ex-presidente e fundadora do Cuiabá Angels, praticante da modalidade e professora da Universidade Federal de Mato Grosso, Neuza Cristina Gomes da Costa.

O estudo é uma atividade do Grupo de Pesquisa em Esporte, Cultura e Sociedade (Gepecs), financiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat), que investiga como o jogo evoluiu para um esporte no Estado. O objetivo principal da pesquisa é Investigar a esportivização do FA como construção de um subcampo da indústria do esporte. “Buscaremos estudar a história e entender os principais atores envolvidos nesse processo, bem como identificar os desafios enfrentados para implementar uma modalidade inicialmente estranha ao cotidiano dos brasileiros e compreender o “lugar” dessa modalidade esportiva nas preferências de lazer dos mato-grossenses”.

Para ela, investigar o processo de esportivização é importante pois colabora com a sociologia do esporte, além de contribuir com a maior visibilidade da modalidade. As equipes que fazem parte da pesquisa são: Rondonópolis Hawks,Tangará Taurus, Sorriso Hornet´s e Sinop Coyotes, além do Cuiabá Arsenal.

Ao ter contato com os times, os pesquisadores observam o treino dos jogadores, entrevistam os presidentes e aplicam questionários aos atletas, a fim de conhecer o perfil dos praticantes e como eles veem o esporte. “Há muito para compreender e analisar do ponto de vista sociológico”, afirma Neuza Cristina. A pretensão da equipe é a elaboração de um livro sobre o futebol americano em Mato Grosso, o primeiro no país sobre o esporte. As informações colhidas já formam um grande material de pesquisa.

Dentre os resultados levantados, até agora, verifica-se que a esportivização do futebol americano iniciou há quase dez anos com o Cuiabá Arsenal, que passou por uma fase amadora, de transição e, agora,adentra em um momento mais profissional, mesmo sendo um esporte amador. “As demais equipes só foram pensadas pela existência da equipe da capital e a repercussão da mesma no cenário nacional”, explica a pesquisadora.

“A competição e disciplina são valores incorporados que refletem não só o esporte, mas a sociedade atual. Há uma influência norte-americana na formação de identidades, porém assimiladas e ajustadas pela cultura nacional. As maiores dificuldades apontadas no estudo estão relacionadas com a falta do apoio financeiro, já que os jogadores têm de arcar com as despesas da prática, seja na compra de equipamentos ou financiamento das viagens para participação em campeonatos”.

De acordo com o presidente do Cuiabá Arsenal, Paulo César Ribeiro, o estudo revelará a situação atual das equipes do Estado, avanços e desafios. Um panorama importante para a elevação do nível do Futebol Americano praticado em Mato Grosso. “Esta pesquisa nos dará um direcionamento sobre os passos que precisaremos dar nos próximos anos para a total consolidação da modalidade, tanto nas equipes já formadas, como para aquelas que ainda vão surgir”.

Foto: Divulgação