"Foi um dos momentos mais revoltantes da minha vida", relata preparador de goleiros do Mixto alvo de racismo
- Redação

- 10 de jun.
- 2 min de leitura
Rafael Cruz foi vítima de insultos racistas no confronto fora de casa contra o Goianésia, válido pela Série D

Neste domingo (8), o Mixto enfrentou o Goianésia no estádio Valdeir de Oliveira, em jogo válido pelo returno da Série D do Brasileiro. Apesar do jogo recheado de gols, reviravoltas e ponto somado na bacia das almas, o confronto acabou manchado por conta de um torcedor do clube goiano, que proferiu ofensas racistas direcionados aos funcionários do Alvinegro.
O preparador de goleiros Rafael Cruz contou em entrevista exclusiva ao Olhar Esportivo que os insultos raciais motivaram um dos piores dias da sua vida. "Foi um dos momentos mais tristes e revoltantes da minha vida. Eu sou um trabalhador, um guerreiro, um pai de família que luta todos os dias com dignidade para garantir o sustento da minha casa. Estar em campo, fazendo o que amo com seriedade, e ser atacado de forma tão covarde e desumana, por causa da minha cor, é algo que dói profundamente. Ninguém merece passar por isso. O racismo fere, humilha e destrói e não pode mais ser tratado como algo normal", lamentou.
As equipes envolvidas no embate tiveram atitude imediata - não hesitaram em tomar as medidas cabíveis -, o que facilitou o reconhecimento do autor do crime, que foi retirado da arquibancada, conduzido à delegacia e não poderá frequentar mais os jogos do clube, além de perder o seu sócio-torcedor.
"Apesar da dor do episódio, reconheço e agradeço a postura respeitosa da direção do Goianésia, que não se omitiu. Também quero agradecer de coração ao delegado, doutor Marcos, que tratou o caso com a seriedade que ele exige. Quando as instituições agem com responsabilidade, nos sentimos mais protegidos e ouvidos. Que isso sirva de exemplo para que outros sigam o mesmo caminho", destaca Rafael sobre a postura da diretoria do Goianésia.
O preparador de goleiros não foi o único alvo do crime, que aconteceu por volta dos 40 minutos da segunda etapa: a médica do Mixto também foi ofendida racialmente pelo torcedor, e assim como Rafael, recebeu o amparo da diretoria mixtense.
"A diretoria do Mixto foi firme, humana e correta ao exigir a identificação do torcedor e apoiar a paralisação. Sou imensamente grato a diretoria do Mixto pelo total apoio, comissão técnica, staff, todos, ao Rodrigo, nosso fisioterapeuta, à médica da partida que também foi ofendida e assediada ao segurança do estádio e às demais testemunhas que se posicionaram e me deram força. Isso mostra que ainda existe esperança, que não estou sozinho e que juntos podemos mudar essa realidade. Como pai, como trabalhador e como ser humano, eu luto não só por mim, mas por todos que vêm depois. O racismo não vai nos calar", completa. Em nota, o Alvinegro da Vargas reafirmou seu compromisso com a diversidade, o respeito e a luta contra todas as formas de discriminação. O clube agradeceu as autoridades presentes e exigiu medidas rigorosas para que atos como este não se repitam no futebol e na sociedade,














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